Entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, a cidade de Belém (PA) será o centro das atenções do mundo ao sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). A Agenda de Ação da COP30, recentemente disponibilizada, será um dos pilares do evento, com o objetivo de transformar compromissos em ações concretas, reunindo governos, setor privado e sociedade civil em torno de soluções colaborativas para a crise climática.
A COP30 é considerada um dos eventos mais importantes da década. Reunirá representantes de quase 200 países, além de líderes empresariais, autoridades subnacionais, cientistas e membros da sociedade civil. O encontro será presidido pelo embaixador André Corrêa do Lago, e terá como propósito principal avaliar o progresso das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, de 2015, e impulsionar ações concretas para conter o aquecimento global.
O Brasil, como anfitrião, pretende usar a ocasião para consolidar sua liderança internacional nas negociações climáticas e reforçar o papel da América Latina no debate global sobre sustentabilidade.
A presidência da COP30 anunciou recentemente a Agenda de Ação, um dos pilares do evento, que busca transformar compromissos em resultados tangíveis. Inspirada nos resultados do primeiro Balanço Global (GST-1) mecanismo do Acordo de Paris que mede, a cada cinco anos, o avanço das metas climáticas. A iniciativa foi estruturada em seis eixos temáticos e 30 objetivos estratégicos.
Acesse a Agenda de Ação
A proposta é inaugurar uma nova fase de cooperação internacional, mobilizando governos, empresas e comunidades em torno de um verdadeiro mutirão global pelo clima. Durante a conferência, serão promovidos debates e encontros paralelos às negociações oficiais, com a presença de lideranças do setor privado, governadores, prefeitos e representantes da sociedade civil, todos com o propósito de acelerar a execução das soluções já negociadas.
A COP30 e a Governança Climática
O governo brasileiro encara a COP30 como uma oportunidade estratégica para reafirmar o compromisso do país com a sustentabilidade e com a governança climática. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o objetivo é “chegar a Belém com os países tratando com seriedade a questão climática”. O Brasil pretende apresentar resultados concretos, sobretudo em áreas como restauração florestal, agricultura de baixo carbono, energias renováveis e inclusão social.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que a conferência será o momento de traduzir discursos em políticas públicas efetivas, com foco na justiça climática e na proteção dos povos da floresta.
Durante a Pré-COP, realizada em Brasília em outubro, o país mostrou sua capacidade de articulação ao reunir 67 delegações internacionais, em um encontro que antecipou os temas centrais da COP30. O debate sobre financiamento climático e adaptação foi o eixo principal das discussões, com a meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão até 2035, sendo US$ 300 bilhões destinados à adaptação em países emergentes.
Também foi reforçado o compromisso com o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que deve ser lançado oficialmente durante a conferência em Belém. O fundo busca recompensar financeiramente a conservação das florestas tropicais e já conta com investimentos previstos de cerca de US$ 1 bilhão, com apoio de países como China e Emirados Árabes Unidos.
O Contexto Internacional na COP30
O contexto internacional também influenciará as negociações. O Brasil, à frente dos BRICS ao lado de China, Rússia, Índia e África do Sul, pretende usar a COP30 para fortalecer o papel do Sul Global na agenda climática. A última cúpula do grupo, realizada em julho, aprovou uma declaração conjunta sobre financiamento climático, reafirmando o compromisso com o Acordo de Paris e defendendo que os países desenvolvidos cumpram suas obrigações de apoio financeiro aos países em desenvolvimento.
No entanto, persistem contradições: os BRICS ainda respondem por cerca de 42% das emissões globais de CO₂, e o Brasil, apesar de se colocar como liderança ambiental, tem aumentado suas exportações de petróleo uma tensão que deverá estar presente nas negociações de Belém.
A COP30 também reflete um novo momento de mobilização do setor produtivo. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Sebrae e a Sustainable Business COP (SB COP) têm apresentado recomendações para ampliar investimentos privados em soluções climáticas, promovendo uma transição justa e estimulando a geração de empregos verdes. Durante a Pré-COP, destacou-se o potencial global de criação de mais de 400 milhões de novas oportunidades de trabalho e renda, sendo 28 milhões no Brasil, associadas ao avanço da economia de baixo carbono.
Mais do que uma conferência, a COP30 será um teste global de coerência e ambição climática. O Brasil chega ao evento com a responsabilidade de liderar pelo exemplo, equilibrando a urgência da ação ambiental com o desafio do desenvolvimento.
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Redação: Pedro Cavalcanti


