A DataPolicy preparou este post de blog super legal a partir de uma entrevista ocorrida no Infracast. Confira tudo sobre o futuro da infraestrutura portuária e necessidades de novas regulações ou legislações na perspectiva de um dos entrevistados!
O Porto de Santos é há décadas um dos pilares do comércio exterior brasileiro, desempenhando um papel essencial na movimentação de cargas e contribuindo diretamente para o desenvolvimento econômico do país.
No entanto, a infraestrutura portuária e os setores relacionados enfrentam desafios cada vez mais complexos, que demandam inovação, planejamento estratégico e políticas públicas eficientes.
Em uma recente entrevista ao podcast Infracast, Mauro Sammarco, presidente da Associação Comercial de Santos e do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), destacou os avanços e obstáculos enfrentados pelo setor e indicou caminhos para o futuro.
A Importância do Porto de Santos na Economia Brasileira
Sammarco iniciou sua fala reforçando que o Porto de Santos é um dos maiores hubs de movimentação de cargas do Brasil, essencial para exportações de produtos como café, soja e açúcar. Contudo, ele alertou para a perda recente de market share em algumas commodities e a necessidade urgente de investimentos que garantam a manutenção do porto como um dos principais centros logísticos do país.
Santos ainda se destaca pela concentração de operações internacionais, sendo ponto de entrada e saída para diversas mercadorias. “Não faz sentido descentralizar totalmente as operações para outros hubs menores se, no final, a carga sempre retorna a Santos”, ponderou Mauro. No entanto, ele também reconheceu a importância de outros portos no Arco Norte e no Nordeste, que precisam ser desenvolvidos para acompanhar o crescimento da produção nacional.
Infraestrutura e Expansão: Dragagem e Malha Ferroviária
Entre os maiores desafios do Porto de Santos está a questão da infraestrutura, especialmente a necessidade de dragagem do canal para permitir a atracação de navios maiores e mais modernos. Segundo Sammarco, o governo e a autoridade portuária anunciaram investimentos na derrocagem (remoção de pedras submersas) para aumentar a profundidade do canal para 16 metros, mas ele destaca que é essencial seguir adiante e atingir 17 metros no futuro. “Essa adequação é fundamental para atender às demandas do comércio global, garantindo que o porto continue competitivo,” afirmou.
Outro ponto relevante é a necessidade de melhorar a integração entre modais, com foco na ampliação da malha ferroviária. “O Brasil tem um desafio enorme para movimentar as cargas que produz, e precisamos de mais investimentos em ferrovias para evitar a dependência exclusiva do transporte rodoviário”, alertou o entrevistado.
Está curtindo? Confira a entrevista na íntegra a seguir!
Planejamento Estratégico e Sustentabilidade
Mauro Sammarco também enfatizou a importância de um planejamento estratégico de longo prazo. Apesar do crescimento contínuo, o porto enfrenta limitações físicas e operacionais, como o estreito canal de acesso. “Em algum momento, vamos atingir a saturação. É inevitável, mas ainda temos áreas e projetos que podem ser explorados”, explicou. Ele mencionou iniciativas de expansão em outras áreas e os terminais da Santos Brasil, além de novos projetos em greenfields na região dos Bagres e mais
O entrevistado destacou ainda que o planejamento precisa incluir aspectos de sustentabilidade e modernização das operações, de acordo com normas internacionais. “Há uma pressão crescente por operações mais eficientes e sustentáveis. Não é mais uma questão de escolha, mas sim uma demanda de mercado,” pontuou.
Desafios Regulatórios e Políticas Públicas
Um dos principais pontos abordados por Sammarco foi a necessidade de reformas regulatórias que tragam segurança jurídica para investidores e arrendatários. Ele criticou a demora na implementação de convenções internacionais e alertou para a necessidade de uma legislação mais moderna e ágil para atrair investimentos estrangeiros. “O Brasil ainda é pouco integrado aos acordos internacionais e precisa avançar nesse aspecto para se manter competitivo”, argumentou.
A atuação da frente parlamentar de portos e aeroportos foi destacada como essencial para a convergência de interesses públicos e privados. Sammarco frisou que é necessário um esforço educacional junto ao parlamento para que os legisladores compreendam a relevância do setor para a economia nacional. “Sem uma legislação adequada, não conseguimos avançar na modernização dos contratos de arrendamento e na atração de novos investimentos,” explicou.
Mobilidade e Integração Regional: O Projeto do Túnel Santos-Guarujá
Mauro Sammarco também abordou o projeto do túnel entre Santos e Guarujá, uma obra aguardada há anos que, segundo ele, está mais próxima de se concretizar do que nunca. “Estamos cansados de maquetes; agora é hora de ação”, afirmou com entusiasmo. O túnel promete melhorar significativamente a mobilidade na região e impulsionar a integração econômica entre os municípios.
Além disso, ele destacou que Santos tem grande potencial para receber uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), aproveitando seu perfil industrial menos acentuado em comparação com outras cidades. “Esse tipo de iniciativa pode fortalecer a economia local e atrair novos investimentos para a região”, argumentou.
Conclusão: O Futuro do Porto de Santos e da Infraestrutura Brasileira
A entrevista de Mauro Sammarco trouxe uma visão abrangente dos desafios e oportunidades que envolvem o setor portuário no Brasil. Combinando conhecimento técnico e experiência prática, ele destacou a importância de uma infraestrutura eficiente, de uma legislação moderna e de uma integração mais ampla com o mercado internacional.
Para que o Porto de Santos mantenha seu protagonismo, serão necessários investimentos em dragagem, expansão ferroviária e sustentabilidade. Além disso, a integração de outros portos ao longo do Arco Norte e do Nordeste será crucial para evitar a saturação e garantir o escoamento da crescente produção brasileira.
Sammarco concluiu destacando que o sucesso do setor portuário depende de uma ação coordenada entre governo, iniciativa privada e sociedade. “Com planejamento e investimentos adequados, podemos transformar os desafios de hoje em oportunidades para o futuro,” finalizou.