O fenômeno do Big Data já está plenamente consolidado em todo o mundo. Você está por dentro desse conceito e dos debates sobre sua regulação? Neste artigo, vamos explorar detalhadamente o que é o Big Data, como ele está moldando a gestão pública no Brasil e seus efeitos na sociedade.
De onde surgiu o Big Data?
Embora o conceito de Big Data seja relativamente recente, suas raízes podem ser rastreadas até as décadas de 1960 e 1970, quando o armazenamento de dados começou a ganhar importância com o desenvolvimento de data centers e bancos de dados.
No entanto, foi em 2005 que o crescimento exponencial da quantidade de dados gerados pelas redes sociais marcou o início da verdadeira revolução do Big Data. As empresas e organizações começaram a perceber o potencial desses grandes volumes de dados e a desenvolver novas estruturas para armazená-los e analisá-los de forma eficiente. Para saber mais leia também os dados públicos e privados .
Com a globalização impulsionada pela internet, os dados tornaram-se uma parte essencial do nosso cotidiano. Muitos de nós não nos damos conta de como estamos constantemente gerando e interagindo com dados, seja ao ler um artigo online, ao fazer uma compra ou ao participar de um processo seletivo.
A pandemia acelerou a valorização dos dados públicos, destacando seu papel vital na promoção da transparência e na eficiência da gestão pública. A utilização eficaz dos dados pode aprimorar os serviços governamentais, criar novas oportunidades de negócios e promover inovações.
Dados públicos também facilitam a disseminação de informações cruciais, apoiam pesquisas, auxiliam na organização das empresas privadas e enriquecem o jornalismo.
Por outro lado, a gestão de dados privados é fundamental para garantir a proteção e a segurança dos cidadãos. A correta utilização desses dados assegura acesso igualitário e combate a discriminação com base em orientação sexual, raça, religião ou ideologia política. Assim, contribui para um ambiente mais justo e inclusivo.
Mas afinal, o que é o Big Data?
O conceito de Big Data é estruturado em torno de cinco Vs: Volume, Velocidade, Variedade, Valor e Veracidade. Esses elementos definem a complexidade e a riqueza dos conjuntos de dados:
- Volume: Refere-se à quantidade massiva de dados gerados.
- Velocidade: A rapidez com que os dados são produzidos e processados.
- Variedade: A diversidade dos tipos de dados (estruturados, não estruturados, texto, vídeo, etc.).
- Valor: A capacidade dos dados de gerar insights valiosos e promover decisões informadas.
- Veracidade: A precisão e a confiabilidade dos dados.
Esses atributos são fundamentais para transformar dados brutos em insights acionáveis, que podem levar a:
- Maior eficiência: Otimização de processos e recursos.
- Melhores decisões: Informações precisas e oportunas para a tomada de decisões estratégicas.
- Desenvolvimento de novos produtos e estratégias: Criação de inovações e iniciativas comerciais baseadas em dados.
O Big Data é utilizado em diversas aplicações, desde a personalização de pesquisas e anúncios pelo Google até a análise de beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, pelo governo. Além disso, é uma ferramenta poderosa em estratégias de marketing, redução de custos empresariais e inovação tecnológica, beneficiando tanto o setor privado quanto o público.
Neste artigo, abordaremos como o Big Data está impactando a gestão pública no Brasil e exploraremos as implicações desse fenômeno para a sociedade. Analisaremos as oportunidades e desafios que surgem com o uso intensivo de dados e discutiremos o futuro da regulação e da ética no manuseio desses recursos.
Por quê o Big Data é importante na gestão pública?
O Big Data é importante para a gestão pública porque a tecnologia permite solucionar problemas com a gestão dos dados públicos, já que ela pode proporcionar o aumento da eficiência, armazenando e organizando de forma facilitada os dados. Além disso, é possível produzir sistemas que integram as informações, fazendo com que os dados transitem de maneira mais rápida, evitando atrasar os prazos estipulados.
A utilização da técnica de Big Data é aplicada para focar as energias e alocar recursos onde realmente necessita, e isso é de bastante relevância para a gestão pública. A análise de dados públicos para o Estado é a oportunidade de enxergar problemas públicos com impasses anteriormente nunca resolvidos ou vistos.
Então o governo brasileiro utiliza o Big Data?
Sim, o governo brasileiro utiliza Big Data! As organizações públicas o utilizam através da plataforma GovData, criada por iniciativa do Ministério do Planejamento em conjunto com a DataPrev e o Serpro, e disponibiliza uma infraestrutura de datalake, permitindo a hospedagem e o cruzamento de grandes volumes de dados.
Nele é possível compartilhar informações entre órgãos, mantendo o sigilo e confidencialidade de dados.A sua utilização pelo Governo Federal é importante para a racionalização do gasto público e para a ampliação da oferta de serviços públicos digitais.
Ferramentas como a GovData permitem uma melhor gestão das ações públicas, já que viabilizam a realização de análises mais ágeis das contas públicas e também, melhoraram a prestação de serviços públicos.
Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, o Big Data foi essencial para o monitoramento e controle da propagação do vírus. Análise de dados ajudou a prever surtos, alocar recursos médicos e gerenciar campanhas de vacinação.
Além disso, dados sobre a utilização dos serviços de saúde e padrões de doenças são analisados para melhorar o gerenciamento de hospitais e clínicas, otimizar o atendimento e prever necessidades de recursos.
E também, através da análise de grandes conjuntos de dados, o governo pode identificar padrões de crimes e prever áreas de risco, ajudando na alocação de policiamento e estratégias de prevenção. Utiliza-se Big Data para monitorar e analisar informações em redes sociais que podem indicar atividades suspeitas ou ameaças à segurança.
Qual a relação entre o Big Data e as Agências Reguladoras?
Empresas privadas monopolizam os nossos dados. Os cientistas discutem sobre a importância e necessidade da regulamentação para o sistema, empresas que trabalham com Big Data precisam fornecer relatórios constantes, e sem a regulamentação do sistema a quantidade volumosa de dados pode fazer com que a empresa perca o controle.
Esta é a discussão que atualmente gira em torno do assunto. Ele possui uma vasta e enorme quantidade de dados, de forma variada e sobrecarregada, um simples defeito pode gerar uma quebra de privacidade e segurança tanto dos cidadãos, quanto de grandes empresas.
A partir da privatização de algumas atividades estatais ao final da década de 90, surgiu a necessidade de um equilíbrio entre as atividades de regulação e de exploração.
Nessa perspectiva, surgem as Agências Reguladoras, autarquias especiais com mais autonomia administrativa, financeira e patrimonial que as demais autarquias, as quais surgiram no Brasil com o intuito de regular, organizar e fiscalizar os serviços e atividades tanto públicas quanto privadas.
Além disso, servem também para movimentar o mercado, estimulando a competitividade e o crescimento. Assim, surgem como um importante marco regulatório no contexto brasileiro.
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A influência do Big Data na gestão pública do setor agronômico e de recursos hídricos.
O fenômeno do Big Data já atingiu todas as áreas, inclusive o setor agronômico, com esse sistema as prestadoras de serviços podem antecipar a ocorrência de pragas e doenças, ou de novos focos ao mapear a incidência da doença reunindo dados como níveis de umidade do ar, a presença do patógeno e a temperatura. Ao reunir essas informações, a tecnologia analisa os dados e faz simulações de probabilidades de proliferação, promovendo relatórios que auxiliarão na gestão desse setor.
Outro importante movimento do Big Data é o auxílio que presta para uma melhor gestão dos recursos hídricos, o sistema consegue juntar dados e por eles determinar as áreas com maior capacidade de armazenamento de água do que outras, e assim revelam os locais com maior necessidade de irrigação.
A gestão dos Recursos Hídricos é administrada pela Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA), que utiliza da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Plano Nacional de Segurança Hídrica para garantir um recurso eficiente para a população.
Os efeitos do Big Data no setor de telefonia móvel.
A tecnologia 5G ou também conhecida como quinta geração da telefonia móvel, é uma nova tecnologia que traz mais velocidade e conectividade entre os dispositivos móveis. E para a sua implementação é necessário um grande nível de infraestrutura, devido ao seu alto potencial de funcionalidade, por isso esse processo vem sendo longo no Brasil.
A maior parte das antenas utilizadas na implementação dessa tecnologia estão localizadas nos ambientes centrais das cidades, sendo assim, existem municípios brasileiros onde nem sequer chegou a quarta geração da telefonia móvel, por isso faz-se necessário o aumento dessa quantidade de antenas. Vale lembrar que, a tecnologia também é responsável pela inclusão da população no acesso à informação, como no caso dos dados públicos.
Nesse contexto, muito tem se discutido sobre o uso combinado do Big Data, a Internet das Coisas e o 5G, porque essas estruturas conectadas terão potencial sucesso para a transformação dos processos, tornando os três sistemas de tecnologia mais ágeis e inteligentes, além de proporcionar uma análise de dados mais rápida, aumentando ainda sua eficiência e segurança.
Os efeitos do Big Data no setor elétrico.
A tecnologia do Big Data expandiu-se também para o setor elétrico, transformando-o em um sistema produtivo e rápido, ao melhorar o monitoramento e a manutenção dos equipamentos do setor, reduzir o período de produção e proporcionar melhor desempenho comercial, e assim desenvolver o futuro da indústria. A vantagem de utilizar o Big Data neste setor é prevenir a partir da análise de dados, que nenhum problema se torne um dano irreparável no futuro.
O Setor Elétrico brasileiro é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), a qual é responsável não só por fiscalizar o fornecimento de energia, mas também por definir as tarifas e garantir a universalização do acesso.
A DataPolicy e o BigData.
A DataPolicy é um exemplo de empresa que utiliza o Big Data, é uma Regtech que não processa o Big Data com as características do Open Government Data, os dados públicos abertos e já disponíveis pelo governo.
Em sua plataforma é possível extrair diversas informações, como, por exemplo, na pesquisa realizada pela ferramenta de busca de proposições da DataPolicy, onde foi possível analisar a existência de 121 proposições tramitando na Câmara dos Deputados voltada para o setor elétrico, em novembro de 2021. Pôde-se extrai os parlamentares que mais estão envolvidos no tema, a partir da ferramenta de busca “stakeholders por tema”, disponível na plataforma.
O software de Gestão Regulatória da DataPolicy, permite que todos possam acompanhar e organizar regulações e outras informações legislativas e executivas em dashboards simples. Dessa forma, a DataPolicy estuda, extrai e organiza dados regulatórios por uma plataforma que conta com um sistema integrado, o que facilita a mineração desses dados de forma automatizada.
Então o Big Data deve ser regulamentado?
Há necessidade de um quadro regulatório que assegure o uso responsável dos dados e garanta a transparência e a responsabilidade no processamento de informações.
Sim, a partir de tudo que foi exposto acima, chega-se à conclusão de que a regulamentação do Big Data e dos serviços públicos, permite uma maior universalização dos serviços prestados à sociedade, garantindo maior eficiência, eficácia e efetividade. A regulamentação permite dados mais consistentes, filtragem dos dados, para apagar os desnecessários e, por fim, a aceleração e proteção da organização dos dados.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é a primeira iniciativa para trazer a ética no uso dos dados e prevê a proteção integral de sua liberdade, privacidade e segurança. As vantagens do uso da tecnologia no setor público e do uso da tecnologia e de dados públicos é a alternativa para solucionar e auxiliar o Estado na entrega do serviço público para a sociedade.
Os dados podem ficar mais transparentes trazendo maior accountability como garantido na Lei de Acesso à Informação (LAI — Lei n.º 12.527/2011), a qual foi um grande ganho para a sociedade, pois a publicidade de dados passou a ser regra no setor público havendo poucas exceções.